quinta-feira, 17 de junho de 2010

Desabafo de alguém em busca do seu eu

Será que é normal que eu me sinta tão terrivelmente devastada com tudo que aconteceu? Será que essa sensação de não saber para onde ir vai demorar muito a passar? O que eu deveria fazer para amenizar essa dor: ficar quieta em meu canto, lambendo minhas feridas até que elas cicatrizem, ou deixá-las expostas, como os médicos aconselham, para que a cura venha mais depressa? Simplesmente não sei... as informações são desencontradas, os conselhos díspares entre si... E eu me vejo não sendo eu. Na verdade, não sei mais quem eu sou.




Eu sabia muito bem quem eu era antes de me apaixonar pela primeira vez na vida. Mamãe me deu um nome de princesa. Mas eu sempre soube que seria uma princesa diferente. Foi-me ensinado a nunca, nunca depender de homem nenhum. Nem mesmo do meu pai. Eu teria que estudar, estudar e estudar. Só assim eu poderia ser verdadeiramente uma princesa.


Mas foi quando eu me apaixonei que as coisas começaram a degringolar. Eu comecei a pensar que ser princesa era ter um príncipe a meu lado. Certo que o meu primeiro “príncipe” estava mais sapo que para qualquer outra coisa, e graças a Deus que hoje ele é passado em minha vida.


Mas apareceu outro. E esse sim parecia um príncipe. Era alto, e embora eu sei que não fosse, para mim, parecia-me o homem mais bonito do universo. Escrevia poemas, parecia saber todas as músicas do universo, mandava rosas e se ajoelhava para declarar seu amor.


Fato é que esse príncipe também se transformou em sapo. E a decepção foi a maior de todas que eu tive. Andei lendo sobre estresse pós-traumático. E talvez seja isso que eu tenha. De tanto dar com a cara no muro, a dor parece que já se instalou em mim.


É isso. A dor se instalou em mim.


E eu que sou, como todos dizem, tão jovem... Sinto-me uma velha. Uma senhorinha idosa meio amarga... Com menos de trinta anos, sinto como se já tivesse vivido uns noventa.


E as pessoas falam: você é bonita, inteligentíssima, independente! Merece alguém melhor. Mas eu não queria alguém melhor; eu queria que a minha miragem não tivesse sido isso. Que eu não tivesse amado uma ilusão. Que eu não tivesse me entregado a um sonho. Eu queria que tudo, todas as promessas tivessem sido verdadeiras e que exatamente hoje eu estivesse na viagem tão planejada e de passagens compradas, com quem eu achava ser o amor da minha vida, na cidade dos meus sonhos.


Eu queria estar feliz...






...e não tão incrivelmente miserável como me sinto hoje.






Ariadne Lima